O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo (10) que espera concluir uma nova ofensiva em Gaza "com bastante rapidez", enquanto o Conselho de Segurança da ONU ouviu novas exigências para pôr fim ao sofrimento no enclave palestino.
Netanyahu se manifestou depois que seu gabinete de segurança aprovou na sexta-feira (8) um plano muito criticado para assumir o controle da cidade de Gaza. O premier israelense disse que não tem escolha a não ser "concluir o trabalho" e derrotar o Hamas para libertar os reféns apreendidos de Israel.
Ele informou que a nova ofensiva em Gaza tem como objetivo atacar dois redutos remanescentes do Hamas, o que segundo ele seria sua única opção devido à recusa do grupo palestino em depor suas armas. O Hamas afirma que não se desarmará a menos que um Estado palestino independente seja estabelecido.
Não ficou claro quando começaria a ofensiva, que seria a última das sucessivas tentativas dos militares israelenses de retirar os militantes da Cidade de Gaza.
"O cronograma que estabelecemos para a ação é bastante rápido. Queremos, antes de mais nada, permitir o estabelecimento de zonas seguras para que a população civil da Cidade de Gaza possa sair", acrescentou.
A cidade, que abrigava um milhão de pessoas antes da guerra de dois anos, seria transferida para "zonas seguras", disse ele. Os palestinos afirmam que essas zonas não os protegeram do fogo israelense no passado.
O chefe militar de Israel expressou sua oposição à ocupação de toda a Faixa de Gaza e advertiu que a expansão da ofensiva poderia colocar em risco a vida dos reféns que o Hamas ainda mantém e levar suas tropas a uma prolongada e mortal guerra de guerrilha.
Netanyahu disse que seu objetivo não era ocupar Gaza. "Queremos um cinturão de segurança bem próximo à nossa fronteira, mas não queremos ficar em Gaza. Esse não é o nosso objetivo", disse ele.
Representantes europeus nas Nações Unidas disseram que a fome está se instalando em Gaza e que o plano de Israel só pioraria a situação.
"A expansão das operações militares só colocará em risco a vida de todos os civis em Gaza, incluindo os reféns restantes, e resultará em mais sofrimento desnecessário", disseram Dinamarca, França, Grécia, Eslovênia e Reino Unido em uma declaração conjunta.
"Essa é uma crise provocada pelo homem e, portanto, é necessária uma ação urgente para acabar com a fome e aumentar a ajuda em Gaza", afirmaram.
A desnutrição é generalizada no enclave devido ao que as agências de ajuda internacional dizem ser um plano deliberado de Israel para restringir a ajuda. Israel rejeita essa alegação, culpando o Hamas pela fome entre os palestinos e dizendo que muita ajuda foi distribuída.
O representante dos EUA no Conselho de Segurança defendeu Netanhayu e disse que Washington está comprometido em atender às necessidades humanitárias, libertar os reféns e alcançar a paz.
Netanyahu disse que Israel estava trabalhando com Washington para criar uma onda de ajuda para Gaza, inclusive por terra.
Fome
Mais cinco pessoas, incluindo duas crianças, morreram de desnutrição e fome em Gaza nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza, elevando o número de mortes por essas causas para 217, incluindo 100 crianças.
O escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, disse que outras 23 pessoas foram mortas até o momento na guerra por lançamentos aéreos de assistência, aos quais os países recorreram devido às dificuldades de transporte rodoviário.
No último caso, uma caixa de assistência lançada de paraquedas matou um menino de 14 anos que aguardava comida com outros palestinos desesperados em um acampamento de barracas no centro de Gaza, de acordo com médicos e vídeos verificados pela Reuters.
"Temos alertado repetidamente sobre os perigos desses métodos desumanos e temos pedido consistentemente a entrega segura e suficiente de ajuda por meio de passagens terrestres, especialmente alimentos, fórmulas infantis, remédios e suprimentos médicos", disse.
A Itália disse que Israel deveria dar atenção aos avisos de seu próprio exército antes de enviar mais tropas para Gaza, onde o exército israelense já detém grande parte do território.
"A invasão de Gaza corre o risco de se transformar em um Vietnã para os soldados israelenses", disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, em entrevista ao jornal Il Messaggero.