Eles foram recepcionados pelo coordenador da 8ª Regional de Cascavel do Depen-PR, Thiago Correia, e pelo gestor da cadeia pública de Marechal Cândido Rondon, Paulo Roberto Lorenz.

Durante o encontro, além do setor administrativo, foi visitada a carceragem, que abriga cerca de 90 presos – a ampla maioria já cumprindo pena – em uma estrutura construída para 53. O prédio é antigo e, mesmo tendo passado por recentes reformas, não tem condições para oferecer atividades de educação ou programas de reabilitação aos detentos.

Nas condições atuais, conforme o coordenador regional do Depen-PR, a cadeia pública é “extremamente perigosa”.

Novo presídio

A visita se deu dentro do contexto do debate público que tem movimentado a comunidade local em relação à instalação de um presídio, na região do Contorno Oeste, com investimento de R$ 70 milhões. A área prevista pertence ao Município e precisa de aprovação da Câmara de Vereadores para que seja repassada ao Governo do Paraná, responsável pela obra e pela administração da unidade prisional.

Segundo exposto durante a visitação, a Secretaria de Estado da Segurança Pública tem projeto para a construção de seis novos presídios do Paraná, sendo que Marechal Cândido Rondon é visto como local estratégico, dentro da organização de gestão do sistema penal estadual.

O coordenador regional do Depen-PR confirmou que a unidade prevista será semelhante a que foi implantada em Guaíra, com capacidade para 752 presos. Conforme Thiago Correia, “trata-se de uma estrutura policial moderna. Com a vinda de uma unidade desse porte, não é apenas o aparato da Polícia Penal que se fortalece. Aumenta-se também a presença da Polícia Civil, da Polícia Militar e de toda a estrutura de segurança pública, porque isso se torna necessário”.

Ressocialização

Ele ressalta que o foco da atual gestão do sistema prisional do Paraná está na ressocialização dos presos.

“O que precisamos, estrategicamente, é ampliar o aparato policial e, ao mesmo tempo, melhorar o tratamento penal, devolvendo à sociedade uma pessoa transformada”, aponta.

Uma das prioridades é promover o que se chama de “industrialização dos presídios”. Ou seja, a apenado, após rigorosa seleção, durante o dia tem a oportunidade de trabalhar em indústrias, como forma de reduzir o tempo de prisão e aprender uma nova profissão. Pelo trabalho, o preso é remunerado com cerca de 1 salário mínimo, através de depósito em poupança.

Em Guaíra, por exemplo, a Prefeitura está em processo de construção de 36 barracões industriais para receber empresas que irão ofertar vagas para presos.  A Penitenciária Industrial Marcelo Pinheiro (PIMP), localizada em Cascavel, mantém convênios com 20 empresas públicas e privadas e conta com 403 apenados inseridos em atividades laborais.

Em Marechal Cândido Rondon, a intenção é que o presídio contemple este modelo, o que justificaria a sua construção no Contorno Oeste, ao lado da área destinada pela Prefeitura à implantação do Parque Industrial 4.

Mitos

O coordenador regional do Depen-PR se manifestou a respeito do receio da população, que teme que a implantação do presídio aumente a criminalidade no município.  “Muito pelo contrário: o criminoso não quer estar onde há polícia”, afirmou.

Para Thiago Correia, o momento que Marechal Cândido Rondon está vivendo — de questionamentos e dúvidas — é natural. Mas, com as informações corretas chegando ao conhecimento da comunidade, haverá entendimento maior sobre o assunto e a população vai perceber que uma nova unidade prisional pode trazer benefícios a diversos setores.

Ele também se pronunciou sobre outro argumento difundido que embasa posicionamento contrário ao presídio.

“A ideia de que a família do apenado vai se mudar para a cidade também é equivocada. A experiência mostra que não faz sentido a família abandonar sua estrutura — casa, trabalho, filhos — para acompanhar alguém que está preso. Um dado interessante: em Marechal Rondon, apenas 20% dos detentos ainda recebem visitas. A ideia de que a família vai se mudar é uma falácia, criada para gerar medo na população”, assegurou.

Na avaliação de Thiago Correia, o debate é saudável e necessário.

“A Polícia Penal está à disposição da população rondonense para discutir e esclarecer fatos que, porventura, tenham sido apresentados de forma equivocada. Nada será imposto. Com a experiência que temos, percebemos que, ao conversar com a população, ela entende que se trata de uma modernização para a cidade e acaba aceitando. Temos um exemplo prático: Guaíra. No início, a cidade não queria uma unidade prisional. Hoje, se você perguntar aos parlamentares que eram contrários, ouvirá outra resposta — não só deles, mas da população também”, concluiu.