O Paraná é o maior produtor de mel do país. De acordo com o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2024, o estado produziu 9,8 mil toneladas de mel, 16% a mais que em 2023. A informação faz parte do Boletim Semanal do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A publicação ainda mostra detalhes das exportações de soja e de bovinos, bem como o avanço da colheita de trigo, e mapeia as produções suínos para reprodução, gramados e plantas perenes ornamentais.
O Paraná detém 14,6% da produção nacional de mel. Em seguida estão o Piauí (12,6%), Rio Grande do Sul (12%), Minas Gerais (10,9), São Paulo (10%) e Ceará (9%). A região Nordeste do país continua se destacando como a maior produtora nacional, com um total de 26.527 toneladas. Dois municípios paranaenses se destacam no pódio da produção nacional de mel. Arapoti é o segundo maior produtor nacional, com 1.125.130 quilos, e Ortigueira está em quinto lugar, com 805.000 quilos, os dois municípios estão localizados nos Campos Gerais.
Segundo o IBGE, a produção nacional de mel de 2024 ficou em 67.304 toneladas e é o mais alto valor já registrado na série histórica da pesquisa, desde 2016. O setor vem alcançado recordes a cada ano. O veterinário Roberto Carlos Andrade e Silva, do Deral, lembra que a produção vem se mantendo, apesar das adversidades climáticas, ameaça dos agrotóxicos, desmatamentos e poluição ambiental.
Soja, trigo, gramados e plantas ornamentais
De janeiro a agosto deste ano as exportações de soja, no Paraná, sofreram uma queda de 11%. No total foram exportadas 11,15 milhões de toneladas. O principal motivo, de acordo com Edmar Gervasio, foi o menor volume importado pela China. No contexto nacional, o que se viu foi um crescimento de 3% das vendas, chegando a 103,04 milhões de toneladas. Isso indica que a China está comprando mais soja de outros estados produtores. Quanto a próxima safra, de acordo com os levantamentos do Deral, na última semana o plantio atingiu 26% da área estimada, 5,77 milhões de hectares.
Para os produtores de trigo a conjuntura não é favorável. Neste início de mês a saca do cereal foi cotada a R$ 65, evidenciando uma retração no preço pago ao produtor. Entre agosto e setembro a queda registrada chegou a 5%, com os valores passando de R$ 75,10 para R$ 71,6, abaixo dos custos variáveis estimados em R$ 74,64 por saca, no terceiro trimestre do ano. Essa perspectiva de preços em baixa levou a uma redução de 25% da área de trigo no estado. O Paraná plantou 825 mil hectares, 25% a menos que na safra anterior, e o estado deve produzir 2,68 milhões de toneladas de trigo.
Com mais de 53% da área colhida no Paraná a oferta de trigo chegou a um milhão de toneladas em setembro. Até o fim deste mês essa oferta deve dobrar. Hugo Godinho, do Deral, explicou que a demanda mensal brasileira é próxima de um milhão de toneladas, o que deve gerar um excedente na oferta no fim deste mês. Mesmo com o encerramento da colheita do trigo paranaense em novembro, os baixos preços devem continuar com a pressão das colheitas no Rio Grande do Sul e Argentina.
O boletim desta semana destaca ainda a produção de gramados e plantas perenes ornamentais que geram uma renda bruta de R$ 164,7 milhões ou 60,6% do VBP (Valor Bruto de Produção) dos produtos da floricultura.
A região de Maringá lidera a produção de gramas com 28,3% desse total, seguida pelas regiões de Curitiba (24,5%), Londrina (16,1%), Cascavel (14%). De acordo com o Deral, Marialva, no Noroeste, é o município com a maior área de grama no estado, 3,7 milhões de m². Porém, o negócio do cultivo de gramados está presente em 47 municípios.
Já as plantas perenes ornamentais movimentaram R$ 35,2 milhões em VBP com a produção de 1,72 milhão de unidades. As regiões de Curitiba e Maringá são as maiores produtoras.
Suínos e bovinos
Na área da suinocultura, o Paraná apresentou um aumento de 33,9% na criação de animais com finalidade de reprodução. São animais, fêmeas e machos, provenientes de granjas comerciais, voltados ao melhoramento genético dos rebanhos. Priscila Marcenovicz, do Deral, informou que no período analisado o VPB de suínos fêmeas apresentou crescimento de 5,5%, chegando a R$ 668,4 milhões. O VPB de suínos machos reprodutores teve um aumento mais significativo, 145%, atingindo R$ 395,5 milhões em 2024.
Ouro Verde do Oeste é líder na produção de suínos reprodutores, com 21,6% do total estadual. Toledo, com 16,7%, está em segundo lugar e São Pedro do Iguaçu, com 8,9%, ocupa a terceira posição. Priscila ressalta que esses resultados evidenciam a relevância da suinocultura de reprodução na economia paranaense e sua importância estratégica para diversos municípios.
As exportações continuam sustentando os preços da carne bovina. Em agosto foram embarcadas 295 mil toneladas de carne brasileira, gerando US$ 1,6 bilhão. O produto continua valorizado no mercado externo. A carne vem sendo comercializada a US$ 5,40/kg, contra os US$ 4,35 no mesmo mês do ano passado. No mercado interno os preços seguem em alta. No atacado paranaense o quilo do dianteiro foi comercializado a R$ 18,33, em média, ao longo de setembro. O traseiro atingiu R$ 24,95. Esses valores estão 32% e 15% mais altos, respectivamente, que no mesmo mês de 2024.
Frangos
O custo de produção do frango vivo no Paraná, criado em aviários climatizados, está em queda. De acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos, o valor de R$ 4,59/kg, em agosto deste ano, é 0,2% menor em relação ao mês anterior, mas é 1,3% maior que o valor de agosto do ano passado. Ainda assim fica abaixo dos custos de produção de outros estados como Santa Catarina (R$5,08/kg) e Rio Grande do Sul (R$ 5,04).
No acumulado do ano, o ICPFrango apresentou uma variação negativa de 4,09%. Em comparação ao mês anterior, o índice registrou quedas nos gastos com ração das aves e genética, mas houve aumento nos preços da energia elétrica. Levando-se em conta os últimos doze meses, foram registradas baixas nos custos de ração (2,53%) e mão de obra (2,31%). Houve também uma alta nos custos da genética (16,5%), sanidade (9,2%), transporte (1,8%) e energia elétrica (1,45%).
No Paraná a alimentação dos frangos de corte atingiu o valor de R$ 2,94/kg, passando a representar 64,05% do custo total de produção (R$ 4,59/kg). Esse valor é 3,97% menor do que em agosto de 2024, quando atingiu R$ 3,02/kg. Em agosto deste ano o preço nominal médio do frango vivo ao produtor ficou em R$ 4,92/kg, com uma retração de 1,8% em relação ao preço médio de julho, que ficou em R$ 5,01/kg e 6% acima do praticado em agosto do ano passado (R$ 4,64/kg).